segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Um Pacto de Amor

Na foto minha filha Michelle com o Flic

Nas minhas andanças procurando meu poodle toy desaparecido em setembro de 2002, um veterinário me ligou (eu havia anexado oitenta folhas de "procura-se" em dezenas de estabelecimentos), ele dizia que haviam encontrado um poodle na rua Pedro Doll e que estava na rua de cima ao lado da clínica.
Fui correndo e subi as escadas daquela casa com o coração na boca.
Quando a senhora que o encontrou abriu a porta, viu meus olhos encherem de lágrimas.
Não era o meu velhinho Jow. Mesmo assim o peguei no colo, como para que sentir o calor de um cãozinho novamente. Ele se aninhou como que querendo que eu aproveitasse ao máximo aquele momento.
Ouvi toda história dele com atenção. A adorável senhora pediu que eu ficasse com ele, pois o levariam para uma chácara e ficaria com caseiros se eu não o adotasse.


Senti uma mistura de medo com traição. Era como se eu tivesse traindo o Jow.
Pedi umas horas pra pensar. Ela me explicou que não poderia ficar com ele, pois tinha mais três cães ciumentos, por isso já tinha combinado com uma cliente do salão de beleza dela pra levá-lo no dia seguinte para a chácara.
Eram 21:00h, peguei o carro e sai para pensar, os flashs dos faróis passavam por mim como partes de um filme que rodava em minha mente. Queria tanto que ele fosse o Jow!

Ao mesmo tempo a preocupação com a família. Será que o aceitariam? Por quê eu? Por que dez anos depois a história se repetia?
O Jow foi encontrado por uma mulher que nos ofereceu. Ouve na época da minha parte, a mesma resistência que sentia agora Ele tinha a mesma idade, aproximadamente dois anos e meio na época. Pensava eu que as coincidências não existem. Tudo tem um porque.

Voltei pra casa e coloquei a situação. Minhas filhas concordaram de pronto e pediram que eu fosse buscá-lo. A saudades do Jow era demais, doía em todas nós.
Fizemos então um pacto com o universo: “Ele nos devolveria o Jow e eu faria o possível pra reencontrar o dono deste cãozinho tão assustado”. O dono verdadeiro dele deveria estar como eu. Desesperado!
Ele entrou na minha casa e correu feito louco querendo ir embora, fugir dali. Imaginei o meu velhinho assim, aflito querendo voltar pra casa, voltar pra mim .
Minha angústia aumentou.
No dia seguinte comecei a romaria para encontrar seu dono. Fiz panfletos, anunciei nos sites, fui na Pedro Doll com ele pra ver se entrava em alguma casa, anunciei em jornais e nada.

O tempo foi passando. Ele chegou no dia 30/10/2002 e por um bom tempo ficou sem nome.
As semelhanças eram muitas e as diferenças também. As comparações foram se tornando frequentes à medida que o tempo caminhava. Podia ver no seu olhar a mesma busca de afeto, o mesmo carinho pra oferecer. A mesma fidelidade e disposição pra amar independente de qualquer situação. Os mesmos gestos abertos de ternura. Na verdade ele era a imagem viva do Jow em nosso coração. O caozinho era esperto e dinâmico, engraçado demais! O Jow era mais calmo e sobão,rs...Ainda sentíamos como que traindo o nosso velhinho se déssemos um nome pra ele . O medo de ama-lo nos traria mais dor o vendo partir também.
O jovem cãozinho muito parecido nunca encontrou seu antigo dono.

Demos a ele o nome de Flic.
Continuei desesperadamente procurando meu Jow, mas, acho que ele gostaria de ter esse jovem companheiro e amigo na casa. Flic jamais substituirá o velhinho, mas, como o amor é eterno e abundante demos a ele também, tínhamos amor de sobra.
Sua adoção nos fez sorrir novamente. Inteligente , demonstrou personalidade própria , aprendeu a “dançar” em três dias e a andar em pulinhos em pezinho fazendo um “cirquinho”.
Dá-me bom dia todos os dias com várias lambidas nas orelhas e me acompanha pela casa alegre por ter um novo lar.
Expressa em seu olhar gratidão.
Tudo aconteceu em vinte e quatro dias desde o desaparecimento do velhinho.

Apesar da minha saudade e intensa dor, espero que a pessoa que o pegou cuide e ame aquele doce velhinho como eu cuido desse jovem “rapazinho”, até que o universo tenha tempo pra colocar cada coisa no seu lugar e avaliar meu pacto de amor.
A natureza é sábia e tenho muito a aprender com ela. Nascemos e morremos todos os dias para que a nossa história se renove e possamos aprender a expressar emoções que tentamos esconder de nós mesmos, para fingir que não sofremos, então ,ela nos tira o que amamos não por mal, mas, para que aprendamos a não morrer em vão. A renascer no amor. Obrigada Jow, Flic, natureza, amigos, saudades, amor, tristeza, alegria...

Elaine Barnes 13/10/2002
Na foto minha filha Monique com Flic e Raj Annanda Ganesha(meu gato com um olho amarelo e outro azul)

Nota da autora: Hoje sete anos depois, sei que ele (era cardíaco)não vive mais a não ser no meu coração. O meu pacto de amor não me devolveu o Jow,mas, fez o meu amor amadurecer e se tornar mais abundante. O Flic tb está velhinho já com uns nove anos e meio proximadamente. Ainda dança e faz cirquinho quando chego em casa e me ama muito. Somos ambos muito gratos um ao outro. Ainda tem os poeminhas dele que logo postarei aqui. O universo fez um pacto comigo levou meu amigo e me trouxe a gratidão.

Elaine Barnes 5/10/2009

2 comentários:

  1. Elaine já percebi o quanto você gosta de animais. Deve ter muitos.
    Fiquei muito feliz pela oração ter ajudado você, acho que nossos Blos são isso mesmo, um ajuda o outro em suas mensagens.

    Abraços

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  2. A vida é assim mesmo. Somos expostos a situações que nos dão os contrastes de quem somos e do que somos capazes de ser.
    Cadinho RoCo

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