No dia seguinte, Alex vinha com Mia no carro para passar o dia na imobiliária, assim que chegou, quando ia fechar o portão... Percebeu um ruivinho de língua pra fora descendo a ladeira.
Lá vinha Koda correndo! Entrou junto direto para a imobiliária fazendo festinhas e já querendo beijar a Mia afobado. Não sabia pra que lado ia, tamanha euforia.
Fugiu do seu verdadeiro dono de novo! Cheguei e recebi a mesma festa maluca e desesperada em mim. Estava faminto. Apreensivos Alex e eu cuidamos dele, demos carinho, mas, já tentando não mimar mais, pois já sabíamos seu endereço e que ele iria embora outra vez. Ao ver a Ellen já correu com o cobertor e a garrafa pet, brincadeira que mais gostava.
Ela,Izana e Daisy ficaram muito felizes aceitando sua volta e as brincadeiras dele. Enquanto falávamos do retorno, ele pegou a bolinha para recebê-la no meio do quintal e trazê-la de volta trancando a boca, provocando. Brincou com Mia que logo se acostumou com o gigante carinhoso.Toda arrepiada,mas,o aceitou. Nossos dias foram novamente atormentados pelo filhote. À tarde o Alex o colocava no carro e o levava de volta a seu dono.
Pela manhã lá vinha Koda descendo a ladeira correndo para sua outra casa. Não era nosso, nem do dono. Koda não era de ninguém, ao mesmo tempo em que era de todos. Filho do mundo! Nos dias que se seguiram aos poucos ele foi destruindo o que decidia, qualquer novidade, a mínima que fosse, uma simples caneta, pulava nas nossas mãos, pegava e corria, depois todas do porta canetas, papéis, fios...Um terror!
Quando cansado subia na mesa e dormia. Ficávamos com pena de acordá-lo; bem, na verdade eram poucos minutos de sossego. Um anjo dormindo. O que será que sonhava? Talvez com a gente, com Mia, sua outra casa...Nunca saberemos. Acredito que os animais nos escolhem e Koda talvez tenha escolhido a família errada e deu um jeitinho de ser aceito por nós. Nunca havíamos pensado em uma Mascote. O dono verdadeiro talvez quisesse um cão de guarda preso, protetor da casa, bravo...Koda era Malandro. Fujão!Quando o Alex o levava de volta ao dono, dávamos um jeito na bagunça que ficava.
Pela manhã entrava todo alegre e às vêzes sentava-se como um corretor de imóveis para nos observar e saber em quem iria pular chamando pra brincar.
Lucas filho do Alex e Izana adorava brincar com ele, pulava desengonçado, pois crescia a cada dia. Eu o comparava aquelas crianças que eram novinhas e enormes na altura e ficavam por último na fila da escola, sempre mais cobrados e incompreendidos. Lucas tão pequeno e Koda tão grande, eram crianças. A vida só os queria brincando e se divertindo. Para nós um alívio! Enquanto brincavam lá fora atendíamos nossos clientes e esse tempo era aproveitado para engordarmos nossa agenda.
Penso nos cachorros com tanto carinho, seres dependentes que só querem alguém para alimentá-los e em troca dão fidelidade, amor incondicional, nos amam mesmo depois que brigamos e damos castigo para educá-los. Companheiros da solidão de tantas pessoas, amigos de verdade! Sempre nos dão uma bela recepção quando chegamos em casa com qualquer tipo humor. São como crianças e tem a mesma necessidade de atenção e amor. Sentem solidão também como a gente e as vêzes fazem de um osso sua companhia quando não tem ninguém para brincar.
Koda não tinha medo de garrafas batidas ao chão para que parasse, esguichinhos de água no focinho, nem Dr Pet daria jeito! Ríamos da nossa incompetência na sua educação.
Um dia Koda não apareceu pela manhã. Acreditamos que o dono devia ter comprado uma coleira com guia e o prendido em algum lugar.
Senti um desconforto estranho e Alex também. Devia ser a falta daquele malandro pulando em tudo, agarrando nossos sapatos, puxando as roupas, subindo na mesa, sentando na cadeira e olhando o que fazíamos como a imitar nossos gestos, chegava a olhar virando a cabeça como que a entender o que fazíamos ou a pensar qual seria a próxima arte.
Izana e eu estávamos nos preparávamos para sair, quando ouvimos uma agitação lá fora. Pessoas alteradas da rua foram parando e chamando por nós. Gelei! Alex saiu primeiro. Izana e eu depois. Koda foi atropelado.Senti um desconforto estranho e Alex também. Devia ser a falta daquele malandro pulando em tudo, agarrando nossos sapatos, puxando as roupas, subindo na mesa, sentando na cadeira e olhando o que fazíamos como a imitar nossos gestos, chegava a olhar virando a cabeça como que a entender o que fazíamos ou a pensar qual seria a próxima arte.
Alex no meio do asfalto sentado na rua com o cão. Juntou um monte de gente.
Quando cheguei até ele com as pernas bambas o vi em choque. Havia sangue na boca e nas patas. Koda não se mexia. Os olhos parados no vazio. Todo mundo falando ao mesmo tempo. Olhei para o Alex; seus lábios perderam a cor. Não levantava do chão, não saia do lado do cãozinho igualmente em choque. Literalmente ele não sabia o que fazer!
Em segundos passou um filme em minha cabeça e a dor do Alex fazia com esquecesse da minha. O sofrimento estampado em seu rosto fazendo carinhos no cachorro ,ficaram gravados, podia ler seus pensamentos pedindo que Koda não o deixasse.
Longos segundos onde a vida frágil se deitava no asfalto cenário de suas fugas tão alegres.
Carros foram parando. Cheguei mais perto e me abaixei , vi que os dentes do Koda estavam quebrados, a pata machucada e disse:
-"Fique calmo Alex, ele não vai morrer! Só bateu a boca e se protegeu com a pata, ele não vai morrer! "
Senti um alívio, quando constatei que não era tão grave, a não ser que tivesse machucado por dentro. A Ellen voltava de uma visita com o cliente e vendo o tumulto, parou abriu a porta e conseguiu que colocassem o cão no banco com Alex . Saiu correndo para o veterinário.
Eu e Izana saímos para o compromisso chorando, na volta já passei na farmácia e comprei arnica. Foi tratado, e medicado ,nada tão grave, apenas alguns cuidados e ficaria bom. Senti um alívio, quando constatei que não era tão grave, a não ser que tivesse machucado por dentro. A Ellen voltava de uma visita com o cliente e vendo o tumulto, parou abriu a porta e conseguiu que colocassem o cão no banco com Alex . Saiu correndo para o veterinário.
Aliviados ao ver o sorriso do Alex voltamos ao trabalho comentando que o dono agora havia perdido o cão. Não o devolveriamos mesmo!
Nessa noite, mimado Koda foi dormir no apto deles . Mia o cheirava arrepiada, mesmo machucado brincou com ela, renascido,bebeu água e comeu.
No dia seguinte Koda já estava de volta na imobiliária, banguela dos dentes da frente e comendo naturalmente como se o acidente não tivesse sido com ele.
Com testemunhas a nosso favor, o "dono" não poderia mais reclamá-lo, todos os vizinhos acharam por bem que ele ficasse conosco. Aqueles momentos dolorosos de todos nós foram apagados com o portão fechado. Dali para dentro garrafas pets eram roladas pra lá e pra cá, fazendo um barulho enorme...
As lambidas barulhentas na vasilha dágua... E nossos bolsos vazios agora eram cheios de ração. Quando o telefone tocava, ele ganhava uma, duas três...Pra ficar quieto e nos deixar trabalhar. Comecei a tentar educá-lo ensinando a sentar e deitar. Ganhava o prêmio e ficava esperando mais, ainda mastigando. Com testemunhas a nosso favor, o "dono" não poderia mais reclamá-lo, todos os vizinhos acharam por bem que ele ficasse conosco. Aqueles momentos dolorosos de todos nós foram apagados com o portão fechado. Dali para dentro garrafas pets eram roladas pra lá e pra cá, fazendo um barulho enorme...
Koda cresceu mas ainda e ama a todos nós. Aprendeu a abrir o portão e esqueceu do acidente, pois, ganha a rua quando uma pequena SRD aparece e joga um charme que ele não aguenta.
(Aguardem o terceiro e último capítulo. Koda e sua namorada.)
Elaine Barnes 10/11/09 Texto sujeito a correção